O baile da água parece ter terminado com a equipa socialista na mesma sala e nas mesmas funções com que anunciou o resgate para agora anunciar o seu contrário – o acordo que dá à empresa gestora as receitas dos futuros 15 anos de exploração que deviam ser de todos nós. Mas a gabarolice deu nisso. O herói continua tranquilo e diz-se fundamentado em todas as decisões. Mas veja como desde 2022 avisamos o que ia acontecer e o que o presidente não podia fazer! De balde, ele sabe tudo.
Câmara rasga contrato da água, em Paços de Ferreira
- 20 de Maio de 2022 – A PRIMEIRA MENTIRA
A CÂMARA MUNICIPAL ANUNCIOU SEGUNDA-FEIRA A DECISÃO DE RESCINDIR O CONTRATO DE GESTÃO DA ÁGUA E SANEAMENTO, POR JUSTA CAUSA, TENDO EM CONSIDERAÇÃO UMA “NULIDADE” PRATICADA PELO CONCESSIONÁRIO AO TER TRANSMITIDO A TITULARIDADE PARA OUTRA ENTIDADE E AO NÃO CUMPRIR O CLAUSULADO EM VIGOR.
Resgate das Águas num copo cheio de promessas mas sem os milhões necessários
- 27 De Maio – O aviso de Pacoslook
Resgate das Águas: Incompetência & Irresponsabilidade, Lda
- 27 de Julho, 2022 – O esclarecimento de Pacoslook
Os problemas do Estado são como a tuberculose. Fácil de tratar no início, mas difícil de detectar. Com o tempo, o diagnóstico se torna mais fácil e o tratamento mais difícil. Por esta razão, é necessário prevenir a ocorrência de problemas – Maquiavel
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A decisão de rescindir o contrato de concessão das águas e saneamento foi hoje tomada em reunião do executivo convocada para o efeito – informou a Câmara Municipal de Paços de Ferreira que agora vai submeter a decisão à assembleia municipal que reunirá extraordinariamente nos próximos dias para a apreciar.
Uma questão de fé
Todos os intervenientes no processo entendem que a “gestão das águas e saneamento” deve estar no domínio do município por ser um “bem público” e por se entender que por essa razão o “preço a praticar” será mais baixo porque – presume-se – os esperados lucros da gestora privada não fazem sentido, podendo então tais reservas orientar-se para diminuir a factura do água do eleitor.
Os arautos desta tese esforçam-se por esquecer que o “resultado operacional líquido” – desde o início da concessão – é negativo, com um prejuízo diário de cerca de 9.116 euros!, ou seja, 379,83 euros por hora!
Mantendo-se o número de consumidores, o consumo médio, e os custos de exploração, também se transferirá para o potencial novo “dono” exactamente o mesmo prejuízo. Por uma questão de fé, pretende-se passar para o domínio público o “prejuízo” privado!
Claro que por razões político-eleitorais os detentores do “poder” poderão diminuir artificialmente o preço da água ao consumidor final, mas terão de registar essa falta de receita (perdoada ao contribuinte) no orçamento camarário desaparecendo esse dinheiro para outros investimentos que deixarão de ser feitos.
Uma questão de dinheiro
O leitor tem coragem para comprar um carro sem dinheiro ou determinação de contrair um crédito sem o poder pagar? Arriscaria? Pois é o que está a acontecer na Câmara Municipal, decidida a “comprar” (resgatar) a concessão, não tendo dinheiro para isso e desconhecendo o preço final da operação. Mas como a “rescisão” se tornou uma “questão de fé” os seus promotores acham-se iluminados por uma esperança que lhes garantirá “dias de glória” mas a nós e aos nossos sucessores essa opção será vista como uma “herança dramática” a liquidar por falta de investimento na terra onde querem viver.
Um concelho que pede a “saída do FAM” mas que ainda não foi concedida, lança-se numa operação de “milhões indefenidos” e acreditando que à luz da esquina não faltarão bancos (esses mafarricos capitalistas!) disponíveis para meter a massa numa exploração negativa?
Basta ler a legislação, a prática corrente da ERSAR e a interpretação do Tribunal de Contas: não há dinheiro para a concessão!
Uma questão de rigor
Todos sabemos a valorização que este assunto tem no nosso concelho. Foi cavalgando a “onda da água” que o actual poder se formou e, agora, perante o horizonte de despedida, sente como inevitável criar um cenário de sucesso, montando para isso um “teatro democrático” com a convocação dos partidos à rotunda, como se disso dependesse algum rigor e alguma transparência na decisão de hoje que mais não é que um “tiro no escuro” esperando-se para mais tarde saber que alguém se meteu na trajectória da bala.
A nossa preocupação em maio de 2021:
Avançar para a rescisão, mesmo que reivindicando “justa causa” , não tendo dinheiro para a pagar, e mesmo assim dispensando o caminho da negociação com a concessionária (há câmaras que o fizeram com sucesso em tempo recorde!), merece a nossa reflexão para encontrar o “verdadeiro objectivo” que anima quem decide.
Tem o poder de rescindir. Não tem dinheiro para pagar a rescisão. E avança! O que estará a ver o senhor presidente que nós não vemos nem descortinamos?
Uma questão de transparência
Porque falamos do futuro dos nossos, temos de aplicar aqui todo o rigor que a inteligência nos dá e comunicar as informações que temos pois todos merecem uma leitura de “jogo” completa e transparente. Olhar para o “resgate” com a linguagem eleitoral coloca-nos debaixo de nuvens negras que só o tempo irá descortinar. Mas, sobretudo, decidir politicamente sem a informação do “custo real” da decisão é criar uma “dívida” de transparência fatal. Ninguém pode (deve) colocar um concelho inteiro na berma de um abismo sem fim.
Irresponsabilidade Limitada
A decisão da Câmara terá de ser aprecidada pelos membros eleitos da Assembleia Municipal. O seu voto poderá ter consequências individuais. Importa que cada um reflicta no que vai fazer e que reacções terá se a mesma decisão for objecto de contestação. Gorada a hipótese de “rescisão por negociação” e avançando-se para a “rescisão litigiosa” estarão os elementos da assembleia municipal a assinar uma carta em branco apenas acabada de escrever no dia em que se souber “quanto temos de pagar”. Nessa altura, não faltará quem proteste e que queira fazer-se ouvir. Pedindo contas a “quem decidiu a despesa”!
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O príncipe deve ser como a raposa, que sabe como escapar das armadilhas. Também deve ser como o leão, que sabe aterrorizar os seus inimigos. Quando ser raposa ou ser leão vai depender das circunstâncias – Maquiavel
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Por Arnaldo Meireles
COMENTÁRIO – A RESPONSABILIDADE POLÍTICA DO JORNALISMO DEMOCRÁTICO
Depois da Câmara Municipal, com executivo PS ter dado o dito por não dito e passar por cima da desvergonha como gato sobre filhoses lembramos aos nossos leitores o que escrevemos sobre este assunto, sublinhando o risco corrido e as asneira planeada por Humberto Brito que mais não era que uma fuga para a frente de modo a “livrar-se” do pagamento que a condenação em tribunal arbitral tinha decidido e que ele assegurara nunca haveria de acontecer…
Perante a decisão do tribunal, manteve a metodologia: ignorar o problema e “fazer-se de herói!- pois claro, mesmo que agravando o problema. E daí as várias sessões de folclore a que submeteu jornalistas “obedientes” chegando à desmedida encenação na sede do município ao receber Catarina Martins do BE. E foi já na despedida da então deputada ao Parlamento que o edil pacense vociferou “Não negoceio com quem não cumpre contratos”! Isto é de homem!?
A análise dos textos acima referidos mostram que pacoslook sempre teve razão quando chamou a atenção de quem deveria ter em primeiro lugar os interesses do concelho, e estes sobretudo acima dos interesses pessoais dos intervenientes. A nossa preocupação não foi atendida, antes fomos objecto de perseguição política por parte do executivo PS que nos privou a partir daí de toda a informação pública produzida pelo Município.
Deste fato apenas retemos a vocação antidemocrática de quem gere a nossa terra; e também a sua incpacidade para ler e ouvir quem se dedica apenas a ver o que acontece em Paços de Ferreira e entende serem os interesses colectivos. Mas infelizmente, estamos reduzidos a uma visão unidimensional de quem manda, se interpreta como um visionário e por isso cala os seus no partido e pretende fazer o mesmo a quem dele discorda, na nossa terra.
Soubesse o senhor presidente ler, conseguisse perceber o interesse colectivo e não apenas a sua versão muito pessoal de legitimidade democrática, e os artigos editados por nós seriam suficientes para evitar a cambalhota política que entretanto deu e que o deveria envergonhar se de facto tivesse alguma capacidade para tal. Mas não tem e nós sabemos disso.
E é por isso – agora acrescentamos nós – que este teatro democrático operado na última Assembleia Municipal, sob mandato do ditador de Carvalhosa acaba de impedir ao Município que receba durante quinze anos as receitas da gestão das águas para proveito comum de nós todos. E por fim garantir o gozo capitalista dos tais “exploradores”, “mafarricos” empregados dos “fundos abutres” que nos vão depenar apenas porque o presidente socialista não teve competência, nem técnica, nem jurídica e nem política para saber entender os interesses do Município em cada fase das negociações.
Dentro de algum tempo saberemos quanto custará ao Município este estilo belicoso que gritando alto entende ter razão, e não dando oportunidade ao silêncio para ouvir uma segunda versão que o poderia iluminar na decisão. Mas para quê se este iluminado tudo sabe? Paga povo!