Depois do desastre de ali meter e perder mais de cinco milhões de euros, depois de compromissos de honra de que tudo estava a funcionar bem, de que não havia notícia de problemas no funcionamento, a Câmara de Paços de Ferreira, num acto de ilusionismo, convocou jornalistas seleccionados para apresentar a nova narrativa anunciando a construção de uma nova ETAR ao lado da existente.
Anúncio feito, publicada a notícia nos jornais, confirmamos o anúncio do investimento em nova ETAR e mostramos aos nossos leitores o que esteve e está em causa com a ETAR de Arreigada.
“Terá de ser feito um novo investimento de raiz para resolver problema da ETAR de Arreigada”, disse autarca de Paredes, em Outubro de 2022.
O presidente da câmara municipal de Paredes avançou ontem, em reunião do executivo, que as autarquias de Paredes e Paços de Ferreira solicitaram uma audiência com o ministro do Ambiente para pedir mais verbas para resolver o problema de poluição no Rio Ferreira, causado pela ETAR de Arreigada, que custou mais de cinco milhões de euros e nunca funcionou em pleno.
Alexandre Almeida adiantou que “terá de ser feito um novo investimento de raiz para colocar uma ETAR definitivamente a funcionar como deveria”.
Questionado pela oposição sobre o ponto de situação da ETAR e a intervenção feita recentemente em Lordelo, para retirar as lamas e oxigenar o rio, o autarca explicou que “a câmara de Paços de Ferreira chegou à conclusão que os equipamentos não funcionam como era suposto” e já avançou com uma ação em tribunal contra a empresa responsável pela instalação da ETAR. Além disso, está a ser realizado um investimento de 150 mil euros para melhorar o sistema de tratamento da ETAR no imediato.
Já a câmara de Paredes iniciou um procedimento para retirar lamas e oxigenar o rio. “Entendemos que deveríamos fazê-lo, mas isso não quer dizer que depois não vamos assacar responsabilidades” sustentou.
A ideia inicial de construir um emissário para ligar a ETAR de Arreigada à ETAR de Campo já não vai avançar, garantiu também o autarca, sustentado que “não seria a melhor solução”.
Alexandre Almeida defendeu, ainda, que “a intervenção em curso não será suficiente para tratar todas as águas residuais”, tendo os dois municípios avançado com um pedido de audiência com o ministro do Ambiente para solicitar mais verbas. “Tem de haver uma nova verba para se fazerem as obras que se impõem e dotar a ETAR de capacidade para fazer o tratamento. Terá de ser o ministro do Ambiente a por cá fora um aviso para se poderem fazer aquelas obras”, assegurou.
Questionado pelos jornalistas sobre que obras em concreto é que serão necessárias, Alexandre Almeida sustentou que “será um investimento superior ao que já foi feito” para renovar a ETAR de Arreigada (cinco milhões de euros). “É uma nova ETAR que vai complementar a que já existe, com tecnologia diferente. Porque aquela não só falhou na tecnologia, mas pelo que está a ser verificado, mesmo que a tecnologia não falhasse, iria ser insuficiente para tratar os efluentes para os quais estava destinada”, sublinhou.
“Se a tecnologia tivesse sido a adequada, não estaríamos a ter os problemas que estamos a ter agora mas, mesmo assim, não estaria garantido o tratamento total dos efluentes”, acrescentou.
- Notícia de O Paredense, de 11 de Outubro de 2022 ) O PAREDENSE
RELEMBRAMOS esta notícia de 2022, para sublinhar o ilusionismo da conferência de Imprensa. O texto do Paredense é claro como a água e define o problema como se colocava em 2022. Nessa altura, o Municipio discutia com a Câmara de Paredes uma nova solução e internamente, para consumo eleitoral pacense, continuava a negar os problemas da ETAR.
Como vai a CMPF recuperar os 5 milhões ?
O descalabro foi encoberto enquanto foi possível, declarações de “normalidade” proferidas na Assembleia Municipal, e aqui se perguntou se o Município tinha feito o que estava ao seu alcance para recuperar o dinheiro de uma obra que foi feita deficientemente.
Curiosamente, neste encontro com jornalistas seleccionados, o presidente do Executivo aclara, em primeiro lugar que “não tem nada a temer” e que – tendo isso em conta: “Estamos convencidos de que fizemos o nosso trabalho, agimos com responsabilidade e, nesse sentido, decidimos avançar com uma ação judicial contra o projetista, o empreiteiro e o produtor da tecnologia para apurar responsabilidades sobre a intervenção” e “para saber quem falhou neste processo” – confira aqui para não ter dúvidas: IMEDIATO
Ora a transparência ficaria melhor servida se Sua Excia se dignasse responder às questões que por ausência nossa forçada ficaram por colocar e que são as seguintes:
- em que data entrou a acção judicial?
- tendo o senhor presidente dito em Assembleia Municipal que a ETAR estava bem depois das obras, está disponível para testemunhar a favor das entidades que agora acusa, tendo em conta o que afirmou publicamente?
- Em Novembro de 2023 perguntávamos – mas, claro, ficamos sem resposta: E que tal pedir de volta os 5 milhões ao empreiteiro da ETAR?
- (PODE VERIFICAR AQUI: https://www.pacoslook.com/2023/11/21/e-que-tal-pedir-de-volta-o-5-milhoes-ao-empreiteiro-da-etar/)
RESUMINDO – Voltando à data da acção judicial: entrou mesmo em tribunal? Em que data? Depois da nossa notícias de Novembro de 2023? Ou antes?
Diz o povo que “perguntar não ofende” e nós concordamos, embora admitamos que algumas perguntas, pela circunstância ou oportunidade, possam causar incómodo, mas para que servem os jornais senão para perguntarem o que tem de ser questionado? E aqui fica pois o nosso pedido de esclarecimento a Sua Excia que “não tendo nada a temer” certamente aceitará num acto de convicção democrática esclarecer o povo, ou pelo menos quem tem dúvidas!